por Luiz Prado
Brasil, 2013
Café Amargo
um jogo de representação por Luiz PradoCedo ou tarde, as pessoas queridas nos dizem adeus. Café Amargo é um jogo de representação sobre despedidas e a importância do outro em nossas vidas.
Neste jogo vocês precisam de:
– 2 a 6 pessoas
– 1 a 3 horas (dependendo do número de participantes)
– rolo de barbante ou lã
– café forte, sem açúcar (ou outra bebida amarga, como chá verde bem forte)
– garrafa térmica
– 2 xícaras- 3 cadeiras (opcionais)
Café Amargo acontece em cenas dramáticas sucessivas, executadas em duplas, que apresentam momentos de separação entre pessoas com fortes laços afetivos. Um dos participantes está indo embora e decide comunicar sua partida ao outro. A relação entre os dois pode ser de qualquer natureza – familiar, amorosa, amizade, trabalho – mas é certo que o vínculo emocional é forte o bastante para que a separação seja dolorosa para ambos. O que é a partida também está em aberto: um filho saindo de casa, uma esposa que comunica uma doença terminal, um amante anunciando sua mudança para outro país. Sabe-se apenas que a separação põe fim ao relacionamento e que não há perspectivas de vocês voltarem a se encontrar.
O jogo começa com os participantes sentados em círculo, passando uns aos outros um rolo de barbante ou lã para estabelecer quais serão os pares em cada cena. Quando todos tiverem recebido o rolo, cada pessoa estará ligada pelo fio a outras duas, com as quais representará duas cenas distintas, ora no papel de quem vai embora, ora como quem recebe a notícia da partida. Lembre-se que cada cena é diferente da anterior, com novos papéis, relações, local e motivos para a separação. Todas as cenas acontecem no meio do círculo, com os participantes em pé ou sentados em cadeiras.
As cenas tem início com o personagem que partirá enchendo duas xícaras de café, ficando com uma e entregando a outra para sua dupla. Feito isso, ele então anuncia o motivo da conversa para o outro, estabelecendo ao mesmo tempo qual é a relação entre eles e qual é a natureza da separação. Por exemplo: Carlos, estamos casados há 10 anos e jamais te escondi nada, por isso, em nome desse respeito que sinto por você, preciso dizer que não te amo mais e preciso ir embora. A construção de cada personagem e da relação existente entre eles acontece durante a própria cena, através da interação com o outro e do desenvolvimento dos elementos propostos pelo parceiro. Usando o exemplo acima, a pessoa que recebe a notícia, agora sabendo que é um homem casado chamado Carlos, poderia responder evocando momentos dos 10 anos de casamento, que deverão ser assimilados pelo outro participante.
Uma cena termina quando o personagem que vai embora beber todo seu café, que deverá estar frio, e anunciar algo como – já disse tudo o que tinha para dizer. Ele então senta-se de volta no círculo e deixa o outro sozinho com sua bebida. O personagem abandonado pode levar o tempo que quiser para tomar seu café, refletindo sobre a cena. Quando terminar, é hora de encher novamente as xícaras, enquanto a próxima pessoa assume seu lugar no centro do círculo. Assim que a bebida for entregue, a nova cena começa.
Quando a última pessoa abandonada terminar seu café, o jogo acaba. Com todos de volta ao círculo, é então o momento de conversar sobre as sensações e reflexões vividas durante o jogo. Recomenda-se reservar entre meia e uma hora para esse momento.
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