quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Outrora

Outrora 
por Tadeu Andrade
Brasil, 2013

Outrora



Para jogar “Outrora” são precisos dois jogadores e uma ampulheta. O jogo é dividido em dois atos. No primeiro, um dos participantes contará uma breve história do passado. Pode ser qualquer história: um sonho, um mito, uma passagem de um romance, poema, da bíblia, uma lembrança ou mesmo uma história inventada.

No segundo ato, o outro participante iniciará uma cena. Ele coloca a ampulheta numa superfície entre os dois jogadores e começa um diálogo. A primeira fala deve dar algumas indicações do que está acontecendo na cena, por exemplo: “Tem sido boa a vida aqui nos últimos anos, Cecília”. A partir daí, o outro jogador responde e ambos vão construindo a cena conjuntamente. A ideia é que, de uma forma ou de outra, essa cena se relacione com a história contada no primeiro ato. Ela não precisa repetir com o que aconteceu nessa história, mas pode ser exatamente o contrário, ou repetir apenas alguns elementos; os jogadores tem pleno poder de escolha.

A cena termina quando a areia da ampulheta terminar de correr. Os jogadores podem virar a ampulheta a qualquer momento, mas um jogador não pode fazê-lo duas vezes consecutivas. Portanto a areia só termina de correr quando um dos jogadores assim quiser.

Também é possível inverter as cenas: um dos participantes propõe uma cena e, depois que ela tiver terminado, o outro conta uma história do passado.


Notas: O jogo não sugere um tema ou clima, embora tenha sido inspirado por várias coisas que tendem à melancolia:

Cena final de No Country for Old Men (Onde os Fracos Não tem Vez)
https://youtu.be/VXNfxK5Q2Qg


Cena final de Wild Strawberries (Morangos Silvestres)
https://youtu.be/A6J8dZKZwbc

(embora esses sejam exemplos do modo invertido)
e há esse do modo normal

(Andrômaca era esposa do melhor dos troianos, Heitor, que morre pelas mãos de Aquiles)

Andrômaca, de Tróia, da muralha,
a Heitor, que já partia pra batalha,
bradou-lhe com um brado amargurado:
“Soldado meu, triunfa na peleja
quem só na vida tem o que deseja.
Quem batalha buscando sua morte,
soldado meu, na guerra não é forte.”
Assim também a filha de Gavril,
quando eu partia aos 21 de Abril,
bradou-me lá do alto da sacada:
“Soldado, se desejas triunfar,
encontra uma pequena para amar. 
Quem aos seus o regresso não promete,
soldado meu, a guerra o submete.”

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