A Vida dos Outros (link)
Dino Machado
Brasil, 2021
criado para a #jam_64nuncamais
A VIDA DOS OUTROS
UM
GRUPO SUBVERSIVO SE REÚNE NUM APARELHO (um apartamento ou similar) PARA
DEBATER OS PRÓXIMOS PLANOS DE SUAS AÇÕES. SÃO INTELECTUAIS, ATORES,
ESTUDANTES, TALVEZ ENTRE ELES, ALGUMA DISSIDÊNCIA MILITAR? O TEMPO TODO,
SÃO OBSERVADOS E ESCUTADOS, SEM SABER, POR UM AGENTE DO REGIME,
ESPECIALMENTE DESIGNADO PARA IDENTIFICAR E ANTECIPAR SEUS PRÓXIMOS
PASSOS.
Pode ser vivenciado em uma casa ou apartamento, ou, alternativamente, em qualquer outro lugar fechado (ou que represente de alguma forma um lugar fechado, uma casa).
O larp pode durar algumas boas horas, a depender do andamento que o grupo dará a ele.
Para começar
Os participantes definem quem será o AGENTE DO ESTADO.
Os demais serão os INTEGRANTES DA CÉLULA TERRORISTA.
perceba, mesmo que o jogo se passe entre os anos 1960 e 1980, o AGENTE DO ESTADO pode ser uma mulher.
AGENTE DO ESTADO
Da mesma forma, há qualquer momento, você pode contatar seus superiores caso se trate de uma urgência.
Na prática, você andará invisível em meio aos outros jogadores. Poderá escutar suas conversas livremente, e inclusive ver todas as suas ações (embora ficar escondido ou discreto seja bastante recomendável, para não inibir as ações dos demais jogadores... seu personagem não está lá).
INTEGRANTES DA CÉLULA TERRORISTA
Vocês vão se reunir para criar seus personagens. Quem são vocês? Por que se reúnem no aparelho? O que é o aparelho? A quem ele pertence?
Cada
jogador terá um personagem fixo. Pensem quem são esses personagens em
conjunto e como eles podem constituir um grupo que chamaria a atenção do
regime. Vocês estão tramando alguma coisa? Participaram de algum ato
terrorista, de luta armada, de organização sindical ou política? São um
movimento de arte de vanguarda? Um grupo de amigos que está estudando
como libertar um amigo em comum, preso nos porões dos torturadores? Um
grupo de apoio formado por pessoas que perderam entes queridos para o
regime?
Discutam, deixem a imaginação fluir e definem quem são
seus personagens, mas deixem os detalhes para o desenrolar do jogo. O
grupo pode ser mais ou menos heterogêneo. Todos podem ser estudantes, ou
pode haver um escritor, sua mãe e um colega militar... deixem fluir.
Orientem-se pelos desejos de vocês. Vocês conduzirão o enredo.
O trabalho de vocês em relação ao AGENTE DO ESTADO é ignorá-lo. Durante todo o jogo, seus personagens NUNCA se relacionarão com ele - a menos que o JOGADOR que o representa diga explicitamente o contrário.
Na prática, o
JOGADOR que atua como o AGENTE DO ESTADO estará presente no aparelho
durante todo o jogo, mas não o personagem dele. Obviamente, isso quer
dizer que seus personagens estão sendo observados o tempo todo, mas não
sabem. Tenham isso em mente. Em algum momento, eles podem desconfiar que
estão sendo monitorados de alguma forma mas nunca acharão provas disso,
a menos que o JOGADOR que atua como AGENTE DO ESTADO diga
explicitamente o contrário.
OS CAPÍTULOS
O
larp se estrutura em Capítulos. Cada Capítulo corresponde a um dia (um
intervalo de algumas horas ou mesmo alguns minutos relevantes naquele
dia) no aparelho. Um (ou mais) dos INTEGRANTES DA CÉLULA TERRORISTA dará
início ao Capítulo. Todos os INTEGRANTES não precisam
estar presentes em todos os Capítulos. Eles se reúnem ali para combinar
os próximos passos, trocar impressões sobre o cenário político e contar
uns aos outros sobre suas atuações.
O JOGADOR que atua como O
AGENTE DO ESTADO estará presente em todas os Capítulos, a menos que ele
diga explicitamente que não estará na próxima (e então, nesse caso, ele
deve se ausentar do local em que transcorrem os Capítulos) ou deixe o
espaço deliberadamente durante a ação.
Depois de encerrada a
interação entre os INTEGRANTES DA CÉLULA TERRORISTA, o AGENTE DO ESTADO
tomará alguns minutos (nos quais ele pode fazer anotações) para
descrever para todo o grupo de jogadores o que aconteceu entre o
Capítulo que acaba de se encerrar e o seguinte.
Os jogadores que
atuam como INTEGRANTES DA CÉLULA TERRORISTA devem então preparar o
próximo Capítulo levando em consideração do que o jogador que atua como O
AGENTE DO ESTADO lhes disse.
Ou seja, cabe aos INTEGRANTES DA CÉLULA TERRORISTA representar seus personagens coabitando no aparelho enquanto comentam suas ações e ações relevantes do regime. Ao AGENTE DO ESTADO, cabe ouvir atentamente as conversas dos INEGRANTES e, fora de seu personagem, dividir desdobramentos do enredo com os demais jogadores. Todos os jogadores criam o enredo de A VIDA DOS OUTROS, os INTEGRANTES fazem isso enquanto representam seus personagens, o AGENTE faz isso _fora do personagem_. Todos podem improvisar livremente suas contribuições desde que levado em conta as contribuições dos demais jogadores.
O jogo termina quando o enredo chegar a um
final satisfatório ou quando o tempo reservado pelos participantes se
esgotar. Alternativamente, se os participantes desejarem, eles podem se
reunir em mais ocasiões para dar continuidade à história, até que ela
chegue a um final satisfatório - isso poderia permitir, inclusive,
trazer novos jogadores para o grupo (acrescentando novos personagens à
CÉLULA
EXEMPLO
Reunidos no aparelho enquanto tomam um café sentados no chão da sala, Márcia e Lucas (as personagens de Amanda e Leonardo, respectivamente) discutem detalhes do assalto à banco que participarão no dia seguinte com Jaime e Nestor (Jaime não tem um jogador que o represente, Nestor é o personagem de Daniel, que não está participado desse capítulo, pois decidiu observar de fora). Enquanto isso, Laís (a jogadora que atua como a AGENTE DO ESTADO) está em pé, no corredor, de onde não pode ser vista pela dupla, mas consegue ouvir tudo. Márcia e Lucas se levantam e Amanda e Leonardo põe fim ao capítulo fazendo com que seus personagens se despeçam. Laís então descreve que, no dia seguinte, ao se aproximarem do baco escolhido para o assalto, haviam muitas viaturas de polícia no local - e a operação foi abortada. Os jogadores que atuam como os INTEGRANTES DA CÉLULA TERRORISTA deliberam que no próximo Capítulo os três personagens estarão presentes e que Nestor, o personagem de Daniel, vai estar falando ao telefone com Jaime para discutirem o que pode ter acontecido e o que fazer a partir de agora.
. . .
referências:
os filmes a vida dos outros (florian henckel von donnersmarck,2007),
ação entre amigos (beto brant, 1998),
o grupo baader-meinhof (uli edel, 2008)
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